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Como detectar causas e efeitos de uma bateria danificada no diagnóstico automotivo

Causas e efeitos de uma bateria danificada, entenda como a análise negligenciada do sistema de alimentação, carga e partida pode te fazer começar perdendo, logo no início do diagnóstico

A cada dia, colhemos histórias e casos frequentes de carros que estão sem solução a semanas na oficina, e que na grande maioria foram gastos muitos recursos e estão sem solução. Mas quando começamos um procedimento de diagnóstico em uma bateria danificada, encontramos, as vezes logo no início, um defeito simples que pela leitura correta de parâmetros estava escancarado a anomalia.

Com o incremento cada vez mais necessário de tecnologia, sendo necessário dezenas e até centenas de consumidores aplicados em um veículo, fica a nossa responsabilidade entender o real papel e importância do sistema que alimenta todos esses consumidores.

Nesse breve artigo vamos tratar de alguns dos sintomas que podemos detectar para causa e efeitos de uma bateria danificada.

Teste de bateria

Assim como a caixa d’água está para um sistema hidráulico residencial, também a bateria está para a alimentação de todos os consumidores no veículo, com responsabilidades e características bem similares, vejamos algumas delas:

  1. ARMAZENAR ENERGIA / SOC (State Of Charge): Estado de CARGA.

Internamente, uma bateria é composta por 6 placas, onde cada uma gera uma TENSÃO (VOLTS) de 2,1V, que ligadas em série somam uma tensão de 12,6V. Logo, uma bateria completamente carregada deve-se encontrar 12,6V.

Para teste de estado de carga precisamos apenas de um multímetro ajustado na escala de tensão medindo diretamente nos polos positivo (+) e negativo (-) da bateria e comparar com a tabela de estado de carga

ANÁLISE: Com cargas abaixo de 75% devemos realizar o procedimento de recarga da bateria e realizar novamente o teste.

Após a recarga e a espera aproximada de ~30 minutos se a bateria não está mantendo a carga de 12,6V temos uma anomalia relacionada a capacidade de manter a carga nominal, acarretando em problemas subsequentes que iremos comentar ainda nesse artigo.

  • SUPRIR A ENERGIA NECESSÁRIA QUANDO SOLICITADO / SOH (State Of Health):
    Estado de SAÚDE.

Assim como uma caixa d’água, que por algum motivo está com a sua saída obstruída, ou seja, uma resistência a passagem d’água, pode comprometer o bom funcionamento de todo o sistema, também uma obstrução a passagem de corrente na bateria pode gerar deficiências no estado de funcionamento dos componentes alimentados, principalmente quando ela (bateria) é altamente solicitada.

O SOH é medido pelo parâmetro popularmente conhecido como “CORRENTE DE PARTIDA” e seu parâmetro mais comum é o CCA (Cold Cranking Amperage: em tradução livre “Amperagem de Partida a Frio).

Esse valor Nominal é encontrado na própria carcaça da bateria, variando conforme a aplicação e o tipo construtivo de cada bateria (Baterias Comuns IFB, AGM e EFB) relacionado diretamente a necessidade de cada veículo.

Vejamos um exemplo: Palio 1.6 16v 2013 (motor e-Torque). Canal 1 Verde: Tensão de Bateria (Volts). Canal 2 Azul: Consumo de Corrente (Àmpere)

Analisando o PONTO 1 temos o veículo desligado, com consumo de corrente 0,0A com tensão de alimentação da bateria em 12,45V.

No PONTO 2 temos o momento exato da partida, onde a bateria tem a maior solicitação e demanda devido ao motor de partida, colocando em movimento o motor. Nesse ponto exato podemos ver que o consumo de corrente chegou ao pico de 384,2A mostrando que o CCA mínimo que a bateria deve ter pra essa aplicação é esse valor. Já o valor de tensão caiu ao nível de 9,42V.

Garra Amperimétrica e leitura de tensão na Bateria

O consumo de corrente na partida pode variar de carro para carro, devido ao tamanho do motor, potência do motor de partida e quantidade de consumidores. Más o valor de tensão deve ter estabilidade, e se encontrado valores abaixo de 9,0V começamos a ter problemas variados devido a deficiência de alimentação de componentes, principalmente a ECU.

No PONTO 3 podemos observar no canal 1 a tensão de carregamento regulada pelo regulador de tensão no alternador e no canal 2 um valor de corrente de carregamento vindo do alternador de 44,0A.

Equipamento de Teste de Bateria

Para medição de Carga (SOC) conseguimos usar diretamente o multímetro, porém para a aferição da medida de CCA (SOH) e Resistência (ohms) o equipamento de teste de bateria é Insubstituível.

No exemplo de teste ao lado observamos que a bateria testada esta com a SAÚDE (SOH) em 99%, porém a Carga (SOC) esta em 45% solicitando uma recarga. Nesse caso, recarregue e reteste.

Resultado do Teste de Bateria

Já na ultima linha de dados o equipamento me informou o valor de RESISTÊNCIA (OHMS) interna da bateria de 6,37mΩ (mili ohms)

O valor de Resistencia, quanto menor, melhor. Mas podemos adotar um valor de no máximo 10,0 mΩ = 0,010Ω para baterias comuns (IFB). Já para baterias AGM ou EFB devemos encontrar valores máximos de 7,0mΩ

CAUSAS E EFEITOS DE UMA BATERIA RUIM.

PROBLEMAS NA PARTIDA: um baixo nível do CCA pode acarretar dificuldade ou até mesmo inibir a partida do veículo, mesmo que a carga esteja totalmente completa (12.6V). Nesse caso, você irá encontrar no teste de bateria o CCA baixo e a Resistência interna Alta. Com isso, no teste de queda de tensão no momento da partida (como exemplificamos anteriormente), teremos quedas drásticas podendo ultrapassar abaixo de 9V.

MOTOR SEM FORÇA: no caso de um sintoma como esse podemos ter uma partida aparentemente regular, mas no teste de carga, na maioria dos casos a bateria não está mantendo carga de 12,6V, fazendo com que o regulador trabalhe excessivamente demandando muito do alternador e gerando maior carga para o motor, consequentemente perda de potência e alto consumo de combustível.

CONSUMO EXCESSIVO DE COMBUSTÍVEL: no momento da partida, se a tensão de alimentação cai a níveis inferiores a 9V (lido via Osciloscópio), podemos ter efeitos colaterais como Perda de A/F (ajuste de combustível), isso faz com que o sistema tenha que reconhecer novamente qual combustivel está sendo queimado (álcool ou gasolina), aumentando assim, o tempo de injeção. Entre muitos outros sintomas.

São inúmeros relatos de clientes que acabam gastando seus recursos em trocas de diversos componentes devido a esses sintomas citados acima, que no fim, era apenas um problema de bateria. Por isso, devemos sempre nos atentar ao teste correto de alimentação e carga para não começar nossos diagnósticos perdendo para a bateria!

“O dia a dia tem me mostrado duas coisas principais: uma delas é que quanto mais conhecimento adquirimos, mais apaixonante se torna nossa profissão, a segunda é que o conhecimento da base é o que resolve!”

Junior Trindade – Oficina DTR Garagem

JUNIOR TRINDADE: Técnico reparador e proprietário da oficina DTR Garagem em São Bernardo do Campo – SP. Instrutor em Treinamentos de Diagnósticos Avançados de Injeção eletrônica e motores com ênfase em MULTÍMETRO, leitura de Parâmetros via SCANNER e OSCILOSCÓPIO. Siga o Junior no Instagram: @dtrgaragem / Chame o Junior Trindade no Whatsapp

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