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Diagnóstico e troca dos freios do Fiat Argo

Diagnóstico e manutenção do sistema de freios do Fiat Argo

Acompanhe a maneira correta de diagnosticar e, também, de fazer a  manutenção do sistema de freio do hatchback

Lançado em 2017, o Fiat Argo tem feito bastante sucesso no mercado nacional, uma vez que ficou em quinto lugar no ranking de vendas em sua categoria com 65.943 unidades emplacadas em 2020. Já neste ano, o hatchback teve 32.230 unidades licenciadas até maio, o que mantém a mesma posição do ano passado.

Com isso, o modelo, que já tem 4 anos de mercado, começa a chegar nas oficinas reparadoras independentes e, assim, gerando dúvidas de como fazer a manutenção de diversos equipamentos, componentes e sistemas, como o de freio.

Para mostrar a maneira correta de diagnosticar e, também, de fazer a manutenção dos freios dianteiros e traseiros, a equipe de reportagem da Revista Reparação Automotiva viajou até Campinas, onde fica o Centro de Treinamento da DPaschoal – CTTi para fazer a troca do sistema por completo. Além disso, todo o procedimento de reparabilidade foi realizado com a supervisão de Luiz Castro, técnico da Cobreq. O reparo foi realizado em um Fiat Argo com 40 mil quilômetros rodados.

Diagnóstico

Para saber se o veículo está com problemas no sistema de freio é preciso observar as luzes do painel, claro, sempre acompanhado do proprietário do veículo.

1. Ligar o contato do veículo para que todas as luzes acendam. Ao fazer isso, a luz de ABS se apagará rapidamente, o que mostra o funcionamento pleno do equipamento. Ficaram acessas apenas as luzes de ignição e de freio, que indica que o freio de estacionamento está acionado.

luz de ABS

2. Ligar o veículo sem acelerar até estabilizar a marcha lenta. Com isso, o pedal de freio tende a descer, o que possibilita fazer o teste de curso de pedal. Basta segurar o pedal do freio como se estivesse dirigindo. Depois de fazer isso, desligar o motor para parar de gerar o vácuo na câmara do servo freio. Se estiver tudo em ordem o pedal não se moverá. Caso haja algum vazamento a tendência é o pedal se mover.

segurar o pedal do freio como se estivesse dirigindo.

3. Olhar se o reservatório do fluido de freio não tem vazamento e, também, a coloração. É importante dizer que fluidos das categorias DOT3, DOT4 e DOT5.1 são desenvolvidos a base de poliglicol. Deste modo, absorvem a umidade e passam para estado ácido com o tempo de uso e variações da temperatura.

fluidos das categorias DOT3, DOT4 e DOT5.1 são desenvolvidos a base de poliglicol.

OBS: O DOT4 é utilizado no Fiat Argo. Este lubrificante suporta até 230º de temperatura, mas ao absorver a umidade pode diminuir este suporte a temperatura em mais de 60º, gera desgaste ao sistema de freio. Além disso, a acidez acontece por conta do contato com outros componentes do veículo.

Os fluidos para freios são produzidos a partir da junção de vários produtos químicos. Esta junção confere aos fluídos características funcionais tais como: máxima transmissão da pressão aplicada ao pedal de freios, máxima capacidade de lubrificação do sistema, e também a capacidade de manter se inerte em todo o sistema. O fluído para freios não pode reagir interferindo de modo nocivo em partes ou em componentes dos sistemas, mesmo que esteja aplicado em uma condição de diversidade de materiais no mesmo sistema.

Ocorre que a medida em que o produto vai se aproximando do final de sua de vida útil, sua estrutura química vai se alterando gradativamente. Seus diferentes componentes perdem pouco a pouco estas capacidades, ou seja, a transmissão da força, a lubrificação e principalmente a capacidade de se manter inerte aos diferentes componentes de todos o sistemas que operam com fluído, que passa de um estado alcalino (inerte aos sistemas), para um estado ácido.

Em veículos onde o acionamento do sistema de embreagem é feito por atuador hidráulico que utiliza o fluído de freios ocorrem estas mesmas transformações.

A transformação de estrutura química ocorre principalmente durante o tempo de vida do fluído. E neste período o fluido para freios também absorve umidade do ar, reduzindo em alguns casos em 50% sua capacidade de suportar temperatura. Desta forma no final de vida útil teremos, na maioria dos casos,  um fluído com duas condições nocivas aos sistemas de freio, e de embreagem assistida por atuadores hidráulicos. Teremos um liquido ácido e úmido. É esta a somatória de condições a principal causa da degradação dos componentes dos sistemas que utilizam fluído para freios.

Estas alterações, comprometem a eficácia, e a  segurança do veículo. Assim cabe mais um importante alerta. As partes mecânicas (tais como válvulas solenoides ou equalizadoras, centralinas), dos sistemas eletrônicos (ABS, EBD, ESP, ASR.), estão em contato de forma permanente com o fluído para freios. Para a garantia da segurança e das melhores condições de operação de todos os sistemas que operam com fluído para freios recomenda-se a  revisão  periódica, e a substituição total do fluido, uma vez ao ano ou a cada 10.000 km, o que ocorrer primeiro.

4. Para analisar o estado do fluído de freio é necessário utilizar o equipamento Textar Brake Fluid Tester, que mostra como está a real condição de umidade do fluido. O equipamento é ligado na própria bateria do veículo, o que permite também fazer um rápido diagnóstico na bateria do carro.

Para analisar o estado do fluído de freio é necessário utilizar o equipamento Textar Brake Fluid Tester,

5. Com uma seringa, e com bastante cuidado, uma vez que os fluídos para freios são corrosivos, retirar uma pequena amostra e colocar em um recipiente.

fluídos para freios são corrosivos

6. Levar a ponta do equipamento até o recipiente onde está localizado o fluído. No caso do Fiat Argo, o lubrificante estava em 192º. Apesar do número, não há necessidade de fazer a troca, já que o DOT4 tem pleno funcionamento até 155º. É importante informar que o DOT3 precisa estar até 140º e o DOT5.1 tem que chegar até 180º.

É importante informar que o DOT3 precisa estar até 140º e o DOT5.1 tem que chegar até 180º.

7. Com o carro suspenso, olhar primeiro o sensor de ABS.

olhar primeiro o sensor de ABS

8. Depois de analisar o estado do ABS, checar se as junções do flexível não têm vazamentos. Após fazer todo esse procedimento começar a desmontagem.

Após fazer todo esse procedimento começar a desmontagem.

Ferramentas utilizadas

9. Serão utilizadas duas chaves estrelas para soltar o guia e para abrir o sangrador, um alicate para flexível de freio, uma chave allen de 7 mm para soltar o suporte de pinça, uma chave torx 12 para soltar o cavalete da manga de eixo, um tambor para fazer a sangria do sistema e, por fim, um equipamento para retornar o êmbolo de maneira paralela.

duas chaves estrelas para soltar o guia e para abrir o sangrador, um alicate para flexível de freio, uma chave allen de 7 mm

Desmontagem

10. Com uma chave de fenda retirar as molas que prendem a pinça de freio.

Com uma chave de fenda retirar as molas que prendem a pinça de freio.

11. Obstruir o flexível com o alicate próprio para este uso.

Obstruir o flexível com o alicate próprio para este uso.

12. Instalar o recipiente para o fluido do freio. Soltar o flexível com a chave estrela.

Instalar o recipiente para o fluido do freio. Soltar o flexível com a chave estrela.

13. Soltar a pinça de freio com a chave allen de 7 mm

14. Retirar com as mãos a pastilha. Caso necessário, utilizar uma chave de fenda.

15. Colocar a ferramenta dentro da pinça para realocar o êmbolo. Com ela, não é necessário fazer muito esforço e, também, não danifica a peça.

Colocar a ferramenta dentro da pinça para realocar o êmbolo. Com ela, não é necessário fazer muito esforço e, também, não danifica a peça.

16. Evitar que a pinça fique pendurada, pois pode causar um desgaste desnecessário nesta região. Utilizar uma corrente ou um arame para prendê-la corretamente.

17. Utilizar a chave estrela 12mm para soltar o parafuso que fixa o cavalete da manga de eixo. Ao retirá-lo observe se está em perfeito estado.

18. Com a chave estrela de 12 mm soltar os guias do disco de freio, que são os parafusos responsáveis por prender o disco no cubo.

19. Após fazer isso, o disco sai totalmente.

20. Utilizar o relógio comparador. Antes de montar o relógio comparador no disco, limpar com uma lixa fina para tirar a oxidação e depois passar o produto feito especialmente para limpeza do sistema de freio.

21. Montar o relógio comparador no rolamento para testar a oscilação. No caso do cubo é recomendado uma variação que fique inferior à de 5 centésimos para carros do porte do Fiat Argo. No disco essa variação não deve ser maior do que 10 centésimos.

22. Depois de montar, é necessário dar uma volta no cubo para observar a oscilação.

23. Utilizar um paquímetro de ponta seca para medir a espessura do disco de freio, no ponto de maior desgaste, que no caso do Fiat Argo não deve ser inferior a 10,20 mm. Discos abaixo do TH devem ser substituídos.

24. Fazer a limpeza do disco novo com um pano que esteja totalmente limpo. Não é necessário utilizar gasolina, thinner ou qualquer outro tipo de solvente.

25. Montar os guias para que o disco fique apoiado no cubo. Utilizar a chave de 12 mm para prender os guias.

26. Montar o relógio comparador para realizar a medida do disco. É preciso colocar sempre a ponta seca no limite da borda do disco. Esse procedimento é feito para saber se há algum problema de usinagem no disco.

27. Girar o disco para fazer o teste de medição.

28. Antes de colocar as pinças, realizar a limpeza da pinça e dos pinos. Deste modo, não ficará nenhum resíduo das pastilhas, poeira ou sujeiras. Utilizar o produto Textar Formula XT.

29. Prender o cavalete na manga de eixo com a chave estrela 12 mm.

30. Após realizar este procedimento, montar as pastilhas. A utilizada no Fiat Argo é da Cobreq N598 com anti ruído.

31. Utilizar chave allen de 7 mm para fazer a montagem do conjunto de pastilhas.

32. Colocar a mola com as mãos. Neste caso, também deve utilizar um pequeno martelo para ajustá-la. Não é necessário usar alicate.

Troca do Freio Traseiro

33. Ao realizar a manutenção do sistema de freios, sempre verificar os tambores na traseira, isso porque o freio traseiro, além de manter o veículo na direção correta, é nesta parte do sistema onde ocorrem de 30 a 35% da potência necessária ao processo de frenagem.

34. Depois de abrir, verificar se o cilindro não está úmido.  Caso esteja, é preciso fazer a troca dos dois lados. Geralmente esse problema acontece por causa do fluído de freio ter atingido seu prazo final de vida útil. 

35. Retirar com um pincel a poeira do sistema a tambor.

36. Com duas chaves de fenda fazer a regulagem do tambor até que a folga fique menor. Isso irá tirar a folga do pedal. Este procedimento não deve ser realizado por meio dos furos do tambor.

Sangria

37.Encaixar o bujão com uma mangueira transparente no sangrador localizado na dianteira.

38. Bombar o freio levemente para que o fluído de freio novo empurre o antigo que está na tubulação. É importante dizer que esta técnica sempre deve ser feita em formato de “Z”, começando pela roda dianteira esquerda passando para a roda traseira direita depois para roda dianteira direita e, por fim, a roda traseira esquerda. Também sempre faça a substituição total do fluído de freio, nunca complete. O fluido tem validade de um ano ou 10 mil km.

39. Se tiver um equipamento automático, é possível fazer a sangria com ele, uma vez que irá conferir agilidade ao procedimento.

Regulagem de freio de Mão e Pré-Assentamento

Depois de montar todo o sistema, basta retirar o carro do elevador e colocá-lo no chão para fazer a regulagem do cabo de freio de mão. Além disso, é preciso fazer o pré-assentamento de pastilhas.

Em uma rua com pouco tráfego, deve-se acionar o freio para que a velocidade caia de 60 km/h até 20 km/h. Logo após, é preciso dar um “respiro” ao sistema para que ele se refrigere. Em ambiente com segurança, repita a operação de pré assentamento de 60 km até 20 km por hora entre 5 e 10 vezes com intervalos de 1 minuto para refrigeração do conjunto.

Assista aos vídeos deste procedimento

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